segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quero ser todos os poetas do mundo
porque não posso morar em mim.
Sinto inveja de quem se consome por inteiro.
Eu não.
Fica sempre esse braseiro como uma fogueira confiante
dentro do mais bruto inverno,
crepitando, crepitando.
Meus pensamentos são banais como
tudo o mais que é complexo.
Sinto turvas minhas palavras, e não as posso beber.
Quem goza dentro do meu verbo?
Há noites tão solitárias em minha mente que somente
o lobo inconformado dos meus remorsos pode andar
por entre tantas ervas amargas.
Os relógios me mostram que objetos podem ser
incalculavelmente objetivos.
Por que existem tantas prisões que não me aceitam?
Os carcereiros desviam o olhar,
fingem alheamentos, esperam minha sombra passar.
Quando chegar o grande dia
em que tudo tenha um sentido
e haja toda a redenção
já terei partido,
me partido em mil pedaços
dentro da minha irresoluta e irrefreável
imperfeição.

5/9/10

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